sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Livro 2014. Grafias do Gesto.


TRINDADE, Ana Lígia. Grafias do gesto: representação gráfica do movimento. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2014. 164 p. il.

ISBN: 978-85-915192-3-1

Onde comprar: https://agbook.com.br/book/171227--Grafia_do_Gesto



Esta obra foi iniciada após leitura e análise de um projeto apresentado pelo Prof. Marcus Vinicius Machado de Almeida, de criação de um pólo de referência nacional em escrita do movimento. O projeto tem o desafiante objetivo de capacitar alunos de dança com a leitura de partituras de dança e possibilitar que esses alunos, através da leitura das escritas para dança, possam remontar fragmentos de partituras históricas e criar fragmentos coreográficos a partir das novas possibilidades de criação que, para Almeida, só é possível com as partituras de dança. O mais empolgante é sua proposta de que o material produzido (fragmentos coreográficos) pelo projeto seja fornecido ao público em geral através de página virtual de um "Laboratório de Grafias do Gesto" e que farão parte de material didático da página para o estudo das grafias e como material de pesquisa artística para diversas áreas da dança. O Prof. Almeida afirma que, nesta direção, o projeto de iniciação artística integra extensão, pesquisa e ensino e suas ações. Admirável o empenho na proposta de estudo, pesquisa e disseminação de grafias do movimento, mesmo constatando que, no Brasil, o interesse até hoje da comunidade artística da dança sobre este assunto é muitíssimo pequeno. Seja na formação dos alunos de dança, seja na criação dos coreógrafos ou na pesquisa na comunidade profissional, as partituras de dança estão ausentes como ferramenta. Pouquíssimos profissionais conhecem o assunto e menos ainda sabem lê-las ou escrevê-las. Mais preocupante ainda é verificar que bailarinos, coreógrafos e professores de dança simplesmente, sem conhecimento ou estudo, acreditam não ter importância nenhuma este aprendizado. Isso mesmo reconhecendo a importância dada ás partituras nas principais instituições artísticas de dança na Europa e América do Norte. Na minha concepção, um erro grave na carreira profissional de muitos artistas brasileiros da dança. Desta forma, considero este passo do Prof. Almeida, uma iniciativa admirável e importantíssima para o crescimento profissional na área da dança no Brasil. Coreologia, Notação coreográfica, Notação do movimento, Escrita da dança, Grafia do gesto, Representação gráfica do movimento... Independente da expressão escolhida para a denominação, o que se percebe cada vez mais, é a necessidade de estudo, pesquisa e disseminação das técnicas de registro de movimento. As notações em artes parecem ser mais evidentes e desejadas na história da arte ocidental, principalmente naquelas que são performáticas, como a música, o teatro e a dança. No teatro, o texto possibilitou recriar obras clássicas e na música a partitura. Entretanto, na trajetória da dança, diversas escritas existiram, mas nenhuma perdurou por muito tempo. A partir do século XX, em consonância com a consolidação e legitimação da dança como arte, algumas partituras de movimento foram criadas e consolidadas. As três mais importantes são a Benesh, usado pelo Royal Ballet para registrar balés de repertório, a DanceWriter que originou a SignWriter que registra os movimento da línguas de sinais, fundamental na alfabetização e ensino dos surdos; e a mais conhecida, a Labanotation usada em diversas áreas (ergonomia, biomecânica, educação, terapia). Apesar de recentes, estes sistemas de notação de movimento vêm revelando seu grande valor em diversos campos e atualmente existem centros de referência mundiais como o Dance Notation Bureau (NY). Entretanto, no Brasil há uma ampla carência nesta área, sem locais de referência, sem cursos de formação para o ensino de grafias de dança. As partituras de dança, no Brasil são praticamente ausentes, seja na formação do aluno de dança, seja na criação e pesquisa coreográfica. No Brasil nenhuma universidade ainda apresenta qualquer centro de referência, pesquisa e ensino das grafias. Faz-se necessário a criação de um pólo de remontagem e criação coreográfica a partir da pesquisa, estudo e treino de partituras de dança.

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